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ABRAMPAS - DF
Associação Brasiliense de Medicina Preventiva e Administração em Saúde
Dr Renan Lins Alves da Cunha
TERAPIA HIPOLIPEMIANTE COM ESTATINAS
DE ALTA POTÊNCIA

Qual a taxa de Colesterol a nível de funcionamento do organismo?
A importância do Colesterol e seu papel fundamental está presente em cada célula de nosso corpo. Entretanto, muito embora sua utilização seja necessária para setores específicos do corpo, como o cérebro, onde sua concentração de tecido é muito maior, o processo parece advir de síntese local, sem evidências de abastecimento pelo sangue.
Peguemos populações que viviam como os antigos homens. Como nossos ancestrais. Longe de cidades, poluição, estresse, dieta industrializada, vivendo da caça e pesca. Os indígenas Tsimane da América do Sul são expostos ao longo da vida a valores menores de LDL-C. Algo em torno de 90mg/dL.
Numa amostragem feita com 705 desses indígenas, examinados mediante AngioTC das artérias coronárias, cerca de 85% da população acima dos 40 anos indicou escore de cálcio igual a 0, mesmo dado coletado em 65% dos mesmos indígenas acima de 75 anos.
Estudos que envolveram polimorfismos genéticos e que se relacionam com valores reduzidos de LDL-C, ao longo da life span de um indivíduo, apontaram para reduções ainda mais discretas (na ordem de 28% de LDL-C) do colesterol ruim e consequentemente um impacto altamente significativo na vida já adulta da pessoa (50%-88% de redução em desfechos coronarianos).
Quando é preciso fazer a redução do LDC-C?
Estudos com bases genéticas, juntamente com ensaios clínicos demonstraram o papel de causa e consequência entre a função do LDL e a doença cardiovascular.
Entretanto, o tempo de exposição para a redução de LDL sofre variações. E de consideráveis níveis, atrelado ao risco cardiovascular. O efeito é diretamente proporcional.
Uma Metanálise que envolveu estudos aleatórios, prospectivos e controlados com estatina revelaram que quanto mais baixo a taxa de LDL-C atingido, menor o risco cardiovascular envolvido.
Muito além da variabilidade individual na análise da resposta ao tratamento, guiado por metas a serem alcançadas, é possível concluir que uma maior ação clínica na redução da taxa de LDL-C e uma duração maior da pesquisa, demonstram fundamentalmente melhores resultados.
Em que momento deve-se indicar ROSUVASTATINA 40MG?
Tratamentos com estatinas de intensidade bastante efetiva estão sendo recomendadas para pacientes de alto a muito alto risco de problemas cardiovasculares.
Em Diretriz, a Sociedade Brasileira de Cardiologia - Departamento de Aterosclerose (SBC/DA), indica que indivíduos com muito risco cardiovascular são os pacientes com doença arterosclerótica muito significativa, em qualquer campo ou território vascular. Apresentando sintomas ou não.
Tabela 1 – Pacientes de muito alto risco Cardiovascular
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Doença aterosclerótica significativa coronariana, cerebrovascularou periférica vascular, com ou sem sintomas
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Aterosclerose subclínica com obstrução > ou = 50%
Adaptado de Faludi AA, et al. Arq Bras Cardiol, 2017.;109
Os Pacientes de alto risco cardiovascular, seguindo a mesma diretriz supracitada, são também portadores de aterosclerose subclínica, doença renal crônica, hipercolesterolmia grave e diabetes
Tabela 2 – Pacientes de alto risco Cardiovascular
Aterosclerose subclínica baseada em:
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Ultrassom de carótidas com presença de placa
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Índice de tornozelo – branquial < 0,9
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Escore de cálcio coronário > 100 U Agatston
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Placas ateroscleróticas em angiotomografia de coronária
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Aneurisma de aorta abdominal
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Taxa de filtração glomerular < 60 mL/min e em fase não dialítica
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LDL-C > ou = 190 mg/dL
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DM () tipo 1 ou tipo 2 com estratificadores de risco ou doença aterosclerótica subclínica
Adaptado de Faludi AA, et al. Arq Bras Cardiol .2017/109
Tabela 3 – Estratificadores de risco em indivíduos com diabetes
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Idade > 49 anos ou > 56 anos para mulheres
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Duração do diabetes > 10 anos
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História familiar de DAC prematura
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Presença de síndrome metabólica definida pela IDF
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Hipertensão tratada ou não tratada
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TFG estimada < 60 mL / mim / 1,73²
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Albuminúria > 30 mg/g creatinina
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Neuropatia Autonômica
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Retinopatia diabética
IDF: International Diabetes Federation:TFG: Taxa de filtração glomerular
DAC: doença arterial coronariana
Adaptado de Faludi A.A,et al Arq Bras Cardiol 2017/109
Tabela 4 – Estratificcadores de risco em pacientes com diabetes, com base na aterosclerose subclínica
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Escore de Cálcio arterial coronário > 10 U Agatston
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Placa Carotídea (espessura íntima-média > 1,5mm
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Angio CT coronária com placa
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Índice tornozelo-branquial < 0,9
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Aneurisma da Aorta Abdominal
Adaptado de Faludi A.A,et al Arq Bras Cardiol 2017/109
Retomando o raciocínio. Para estes pacientes é recomendado a terapia com estatinas (que incluem a rosuvastatina nas doses de 20-40mg ou artovastatina 40-80mg ou ainda a combinação de estatina com ezetimiba) para se obter redução na casa dos 50% de nível de LDL-C.
Para os indivíduos que já fazem uso das estatinas, o próximo ponto a ser alcançado é a obtenção de metas de acordo com seu risco cardiovascular. Para os pacientes que, apesar do uso de estatinas de alta intensidade e dose também elevada não alcançaram mas metas LDL-C preconizadas, a despeito da adição do ezetimiba, poderão fazer uso de um inibidor de PCSK9.
Tabela 5 – Metas de LDC-C e colesterol não HDL de acordo com o risco cardiovascular
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Muito alto risco cardiovascular
-LDL-C < 50 mg/dL
-Colesterol não HDL < 80 mg/dL
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Alto Risco cardiovascular
-LDL-C < 70 mg /dL
-Colesterol não HDL < 100mg/dL
Adaptado de Faludi A.A,et al Arq Bras Cardiol 2017/109
Estudos clínicos mostraram que metas menores de LDL-C podem ser atingidas. Alguns fatores permitiram que isso se tornasse realidade. O maior conhecimento do perfil lipídico; a segurança com valores baixos de LDL-C; a linearidade de resposta da redução do risco cardiovascular e o acesso a medicamentos com mais efetividade possibilitaram pacientes com risco muito alto pudessem ter uma melhora mais favorável que a esperada. Não se deve deixar de mencionar as doses de estatina ministradas de forma adequada.
Para finalizar, é preciso deixar claro que os frutos mais positivos na pesquisa só podem ser alcançados a longo prazo e com total aderência à medicação. A interrupção ou a adesão insatisfatória das estatinas foram associadas com aumento expressivo da mortalidade.
Bibliografia
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